O verão do hemisfério norte tem “cruelmente” afetado as ações de grandes empresas de tecnologia. Foi assim que o jornal norte-americano “The Wall Street Journal” descreveu a queda no valor de mercado das sete maiores companhias do setor durante o mês de julho.
Entre “as sete magníficas” – apelido dado ao grupo formado por Meta, Amazon, Apple, Netflix, Alphabet (controladora do Google) e Microsoft (controladora do LinkedIn), além de um sétimo lugar dividido entre Tesla e Nvidia –, a perda foi de US$ 1,52 trilhão.
A ameaça de “bolha” da Inteligência Artificial (IA)
A ameaça de “bolha” da Inteligência Artificial (IA), para alguns analistas, foi só uma correção de curso, ou um momento de consolidação de lucros. Outros viram como um sinal de que a “bolha da inteligência artificial” estourou: após 18 meses de despesas aceleradas com projetos de IA, alguns investidores começam a desconfiar que essa tecnologia não será capaz de compensar o alto custo.
Repercutiu de forma especialmente simbólica a decisão de uma empresa farmacêutica de cancelar a aquisição de serviços de IA da Microsoft após constatar que, apesar do custo mais alto, o retorno em produtividade não compensava.
A história consta em um relatório do banco norte-americano Goldman Sachs intitulado “IA: muita despesa, pouco benefício?”. O mesmo banco que previu, num outro relatório de 2023, que o investimento na tecnologia aumentaria a produtividade dos Estados Unidos em 9% e o PIB em 6,1% ao longo de dez anos.
Paulo Chiodi, gerente de produtos e fundador da comunidade Product Guru, comentou em uma publicação no LinkedIn que essa história toda “levanta questões sobre o valor percebido das ferramentas de IA nas empresas, considerando especialmente os enormes investimentos que empresas de tecnologia como a Microsoft estão fazendo em infraestrutura de IA”.
“O incidente destaca uma possível desconexão entre o hype em torno das ferramentas de IA e seu valor prático em aplicações empresariais do mundo real.”
Quais os sinais de retorno em IA
Nos balanços divulgados na última semana, ainda há poucos sinais de retorno sobre o investimento em IA. Mas mesmo assim as empresas de tecnologia prometem continuar despejando milhões de dólares, criando novos cargos de liderança, treinando funcionários e contratando milhares de novos talentos.
O argumento é de que o investimento é fundamental para que essas empresas se mantenham competitivas, como em uma legítima “corrida armamentista”. Além disso, argumentam que a estratégia é de longo prazo: o dinheiro gasto com infraestrutura agora será essencial para a escalabilidade dessa tecnologia nos próximos 10 a 15 anos.
Especialistas concordam que, embora a IA continue sendo promissora, nem todos os investimentos darão certo. A questão é saber onde e como a tecnologia pode ser aplicada aos negócios. Foi o que ponderou o LinkedIn Top Voice Cezar Taurion, CEO da consultoria em IA Redcore, em uma publicação no LinkedIn.
“A bolha da IA generativa não vai eliminar a tecnologia, que é muito útil para aplicações específicas, mas vai deixar o espaço hoje ocupado por ela na mente dos gestores, para que os atuais e bons modelos de IA continuem avançando, e agora com mais atenção deles. A IA como um todo terá um saldo positivo.”
Fonte: Lucas Carvalho via Boletim Tech
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